Parte de um construtivismo fenomenológico, que busca na interação entre os agentes (indivíduos e os grupos) e as instituições encontrar uma estrutura historicizada que se impõe sobre os pensamentos e as ações. Uma espécie de programa, no sentido da informática, que todos nós carregamos. Engendram e são engendrados pela lógica do campo social, de modo que somos os vetores de uma estrutura estruturada que se transforma em uma estrutura estruturante. Do campo escolar, que é orientado para a sua própria reprodução, emanam os trabalhadores, os intelectuais, os agentes do campo social, com as suas orientações particulares (Bourdieu, 1987:56). Bourdieu escapa à rigidez universalista do estruturalismo ao operar com a dinâmica das relações sociais. A estrutura de um campo é um estado das relações de força entre os agentes ou as instituições que lutam para determinar a distribuição do capital específico, acumulado no curso de lutas anteriores, que orienta as estratégias vindouras (Bourdieu, 1984:114). São "espaços estruturados de posições" em um determinado momento. Por isso, na marcação do campo a ser investigado devemos buscar o máximo possível de autonomia. ______. Bourdieu construiu uma teoria da prática, que pode ser contestada, o que só lhe confere mérito científico, e que contém os elementos da sua superação, o que a constitui como referência obrigatória no pensamento social deste início de século. A admissão no campo requer: a posse de diferentes formas de capital, o cacife (enjeux) na quantidade e qualidade do que conta na disputa interna e que constitui a finalidade, o propósito, do jogo específico; e as disposições, inclinações e aprendizados, que conformam o habitus do campo. Ao seguir Bourdieu, não devemos privar a análise da abstração. Bourdieu adota o estruturalismo como método, mais que como teoria explanatória (Robbins, 2002:316). Utiliza hipóteses numeráveis e controláveis, que devem implicar uma teoria sistemática do real, mas que não podem imputar os pressupostos à decifração dos dados. Para ele, a família, a escola, o meio não só reproduzem as desigualdades sociais, como legitimam inconscientemente esta reprodução. PALAVRAS CHAVE: método; Bourdieu; ciências humanas; ciências sociais. Em ambos, buscou-se analisar aproximações e afastamentos de alguns conceitos e ideias em relação ao modo de pensar os elementos constitutivos de um campo científico e sua produção de conhecimento. method; Bourdieu; human sciences; social sciences, Professor titular da Ebape/FGV. Em todo campo a distribuição de capital é desigual, o que implica que os campos vivam em permanente conflito, com os indivíduos e grupos dominantes procurando defender seus privilégios em face do inconformismo dos demais indivíduos e grupos. Paris: Gallimard, 1991. Cada campo tem um sistema de filtragem diferente: um agente dominante em um campo pode não o ser em outro. A posição é causa e resultado do habitus do campo. O habitus é relativamente autônomo: encontra-se entre o inconsciente-condicionado e o intencional-calculado. Abordagem de classe de Pierre Bourdieu Habitus: "sentido de lugar" => distâncias objetivas se reproduzem na experiência subjetiva da distância. A idéia é de que o conhecimento é conquistado contra a ilusão do saber imediato. BACHELARD, Gaston. Temos, inscritos em nós, os princípios geradores e organizadores das nossas práticas e representações, das nossas ações e pensamentos. Por exemplo, o campo simbólico pode se sobrepor a outro, como a moda se sobrepõe à lógica econômica em determinadas circunstâncias e épocas. Para seguir os passos do processo investigatório de Bourdieu é essencial compreender estes conceitos tanto separadamente quanto na forma como se articulam. KAUFMAN, Jean-Claude. A posição é a face objetiva do campo que se articula com a face subjetiva, a disposição. Do marxismo, Bourdieu toma as idéias da luta pela dominação e da "consciência de classe", que integra no conceito de habitus. Precisamos evitar, como na fenomenologia: a pretensão de conhecer o fato social e a sua determinação pelos seus atores e testemunhas; e deixar-nos levar pela representação dominante (Bourdieu, 1992b:186). Os campos são mundos, no sentido em que falamos no mundo literário, artístico, político, religioso, científico. Os campos não são arbitrários, mas nascem como construtos auto-referenciados. Embora herdeiro da filosofia das ciências, Bourdieu se recusa a aplicar siste mas classificatórios aos objetos que investiga (Bourdieu, 1992a:184). Além disso, enquanto as disposições são duráveis, o campo é dinâmico, o que gera efeitos de hystéréris (de deslocamento) das condições de geração das disposições, e, portanto, do habitus, em relação ao momento histórico das posições no campo (Bourdieu, 1984:135). São produtos da história das suas posições constitutivas e das disposições que elas privilegiam (Bourdieu, 2001:129). Mas, também, pelas pressões externas. O pesquisador deve, portanto, prestar atenção ao inesperado, ao insólito. 2005. Enquanto este deriva o conceito de estrutura de Saussure e entende a prática social como simples execução, para Bourdieu as disposições, socialmente constituídas que orientam a ação, têm uma capacidade geradora (Bourdieu, 1987:23). Todo campo, como produto histórico, tem um nomos distinto. As propriedades de um campo, além do habitus específico, são a estrutura, a doxa, ou a opinião consensual, as leis que o regem e que regulam a luta pela dominação do campo. Uma violência simbólica que é julgada legítima dentro de cada campo; que é inerente ao sistema, cujas instituições e práticas revertem, inexoravelmente, os ganhos de todos os tipos de capital para os agentes dominantes. As técnicas qualitativas que utiliza são a entrevista, a conversação a partir de um roteiro de temas a serem abordados, e a observação. A forma como o capital é repartido dispõe as relações internas ao campo, isto é, dá a sua estrutura (Bourdieu, 1984:114). O estruturalismo de Bourdieu se volta para uma função crítica, a do desvelamento da articulação do social. Scribd is the world's largest social reading and publishing site. Como pesquisador, trouxe uma contribuição inestimável à discussão epistemológica e ampliou significativamente a temática das ciências humanas e sociais. DELSAULT, Yvette. L'homme pluriel: les ressorts de l'action. Entre enthousiasme et contestation. É o caso de Boltanski e Thevenot (1991), que mostraram como a noção de /quadros/ foi produzida como categoria por um trabalho de representação e de codificação as lutas de classificação, em que cada grupo tenta impor sua representação subjetiva como representação objetiva. O habitus funciona como esquema de ação, de percepção, de reflexão. Por exemplo, o campo artístico, instituído no século XIX, tinha como nomos: "a arte pela arte". Mecanismo de dominación. A construção ou teorização, que completa a etapa propriamente estruturalista da forma de investigar de Bourdieu, encerra em si os pecados do estruturalismo convencional: a idealidade, o ser puramente descritivo e a impossibilidade de integralizar elementos cuja conceitualização é difícil, tais como /estilo/ ou /jeito/, ou impossível, como acontece com as estratégias, os modos de proceder individualizados que sustentam ou solapam o modelo vigente em um campo. Como tal, cada campo cria o seu próprio objeto (artístico, educacional, político etc.) pesam na relação de forças internas. As classes ou frações sociais dominantes são aquelas que impõem a sua espécie de capital como princípio de hierarquização do campo. análise das relações objetivas entre as posições no campo (lógica); construção de uma matriz relacional corrigida da articulação entre as posições (estrutura); Tendo como referência estas etapas, vamos seguir o desenrolar do processo investigativo de Bourdieu. &l surgimiento del mercao espec#$co se!ala histricamente el surgimiento del campo especfco% con sus posiciones y sus relaciones entre posiciones. In: ZIZEK, Slavoj (Org. Paris: Les Éditions de Minuit, 1980. ), ao analisar as diferentes frações da classe dominante a antigüidade da família como membro da burguesia, o peso do capital econômico, cultural, simbólico, as variantes do gosto como determinantes do sentido da posição de classe ele demonstra como, a partir de um dado volume e uma dada estrutura de capital, é possível fazer variar o parâmetro, de forma a indicar a posição no espaço social de grupos que vão desde a fração dominante da classe dominante (burguesia industrial) até a fração dominada da classe dominada (operários não-qualificados). Apesar dessas críticas, muitos pesquisadores e teóricos tomam emprestados os conceitos de Bourdieu, seja para aprofundá-los, seja para aplicá-los a contextos diferentes. Sejam estratégias defensivas ou subversivas. É por meio dele que Bourdieu acredita superar os inconvenientes do subjetivismo e do objetivismo. Choses dites. Por isto, a seqüência operacional que adota tem a dupla função de limitar o campo investigado, o lugar em que se verificam homologias estruturais entre a posição dos agentes sociais, e de possibilitar uma visão inovadora do que se passa no interior deste campo (Bonnewitz, 2002:30). Bourdieu segue, em linhas gerais, o protocolo de investigação estruturalista, mas tem como fundamento epistemológico o "materialismo racional" de Bachelard (1990), que preconiza a elaboração prévia do modelo teórico das "estruturas noumenais" (noumeno sendo a intuição intelectual, pura ou derivada da sensibilidade, o pensamento pensado, por oposição ao fenômeno, o manifesto) e a experimentação como realização ou atualização do fenômeno. Conforma e indica o habitus da classe e da subclasse em que se posiciona o agente. Primeiro, mantendo o princípio da vigilância epistemológica, ele evita a contaminação das pré-noções. A doxa e a vida cotidiana: uma entrevista. Paris: Tel, 1950. VANDENBERGHE, Frédéric. Bourdieu nos permite analizar esta reproduccin y justificacin partira de analizar la forma en la que se producen histricamente los patrones de percepcin . Investigando sobre o terreno, ele verifica que o trabalho científico não é uma operação linear. Tais lutas compreendem a acumulação de uma forma particular de capital, a honra no sentido da reputação, do prestígio e obedecem a uma lógica específica de acumulação de capital simbólico, como capital fundado no conhecimento e no reconhecimento (Bourdieu, 1987:33). A construção da matriz de relações, a estrutura de articulação entre as posições, acompanha, corrige e arremata a análise da lógica do campo. À propos de Méditations Pascaliennes. A violência simbólica, doce e mascarada, se exerce com a cumplicidade daquele que a sofre, das suas vítimas. Por exemplo, identificando a doxa o que é tido como socialmente garantido ou "natural" no campo , verificando a possibilidade de uma heterodoxia, isto é, do questionamento e da desnaturalização da doxa pelo surgimento de uma doxa alternativa, e investigando a existência de uma ortodoxia, uma reação à heterodoxia, uma estratégia acionada pelas forças dominantes em um campo no sentido de cristalizar uma doxa (Bourdieu e Eagleton, 1996). Filosofía de las formas simbólicas. Mas recusa a "ilusão objetivista" do estruturalismo (Lechte, 2002:60). SEWELL JR., William H. A theory of structure: duality, agency and transformation. Questions de sociologie. Ele pensa que as estruturas devem ser analisadas a partir da prática (Bourdieu, 1992a:227, 1996:157, 2001:193). A história própria do campo, tudo que compõe o habitus, as estruturas subjacentes, enfim, funcionam como um prisma para os acontecimentos exteriores (Bourdieu, 1984:219). Consideram que a interação de ações individuais, ainda que modificando a sociedade, não a reproduz de forma idêntica. ______. Como ativista político, tentou opor violência simbólica à violência simbólica. Pierre Bourdieu, vie, uvres, concepts. Por este motivo Bourdieu não trabalha com o conceito de sujeito. Razões práticas: sobre a teoria da ação. O habitus é produtor de ações e produto do condicionamento histórico e social - embora Bourdieu recuse a pecha de um determinismo social rígido, ao admitir uma margem de manobra para o "jogo" e a improvisação. Mas ele se preocupa com o que denomina "ilusão racionalista" (Bourdieu, 2001): o pensamento que não leva em conta a situação em que se pensa, o mundo em que se está imerso, como as teorias que partem de uma lógica dada do social (Rawls, Habermas), que se fundam em situações ideais de justiça, de diálogo etc. Um processo (análise indutiva) em que a validade da relação entre a hipótese e a conclusão deverá ser confirmada ou infirmada empiricamente. A reciprocidade da relação estabelece um movimento perpétuo, um sistema generativo autocondicionado o habitus que busca permanentemente se reequilibrar, que tende a se regenerar, a se reproduzir. Além disso, as análises estatísticas pressupõem a autonomia das variáveis independentes e dependentes, o que não ocorre nas populações e amostras internas ao campo, nele, as variáveis representativas das posições e das funções estando, por definição, relacionadas. De início devemos proceder a uma ruptura com o sabido e o generalizado. O habitus estrutura o mundo social, mas isto não quer dizer que se possa inferir mecanicamente o mundo social a partir do habitus, como não se pode inferir o conhecimento dos produtos a partir do conhecimento das condições de produção. Magazine Littéraire, Paris, n. 369, p. 45-47, oct. 1998. This article presents a program for applying Pierre Bourdieu's investigation methods to human and social sciences research. Evita, também, o uso de metáforas, analogias e homonímias (Bourdieu et al., 1990:32). Por isso insiste que, na pesquisa, se mantenha uma "vigilância epistemológica": o cuidado permanente com as condições e os limites da validade de técnicas e conceitos. (Numéro Spécial Pierre Bourdieu). Bourdieu realiza uma crítica continuada ao longo da pesquisa. Nesse ponto Bourdieu costuma dirigir sua atenção para o habitus, mais precisamente para a análise da gênese do habitus dos agentes, o que lhe permite um quadro de referência que evita tanto o psicologismo (o sujeito particular) como o logicismo (o sujeito desencarnado). O habitus constitui a nossa maneira de perceber, julgar e valorizar o mundo e conforma a nossa forma de agir, corporal e materialmente. São uma imposição arbitrária extrínseca sobre fenômenos que possuem significados intrínsecos. Paris: Ellipses Éditions Marketing, 2002. DUBET, François. Os resultados das lutas externas econômicas, políticas etc. DORTIER, Jean-François. É nesse sentido que o campo é "relativamente autônomo", isto é, que ele estabelece as suas próprias regras, embora sofra influências e até mesmo seja condicionado por outros campos, como o econômico influencia o político, por exemplo. Ele deve a Bachelard (1984) a idéia de que o pensamento opera como um movimento de pinça, que descobre, integra e supera as limitações das teorias em uma composição conceitual cada vez mais abrangente. ______. A compreensão da forma de investigar de Bourdieu apresenta uma dificuldade radical: o seu método não é suscetível de ser estudado separadamente das pesquisas onde é empregado (Bourdieu et al., 1990). A seguir apresento uma síntese operacional deste método. Bourdieu elabora conceitos da tradição filosófica clássica /habitus/, /hétis/ e provenientes de outros segmentos do saber /capital/, /campo/ , mas sempre procurando romper com a filosofia (Bourdieu, 1984:37). O campo é tanto um "campo de forças", uma estrutura que constrange os agentes nele envolvidos, quanto um "campo de lutas", em que os agentes atuam conforme suas posições relativas no campo de forças, conservando ou transformando a sua estrutura (Bourdieu, 1996:50). É que a estatística não tem como produzir os princípios de sua construção. Paris: Les Éditions de Minuit, 1979. Percebemos, pensamos e agimos dentro da estreita liberdade, dada pela lógica do campo e da situação que nele ocupamos. A teoria do habitus e a teoria do campo são entrelaçadas. DOLLÉ, Jean-Paul. Paris: Le Seuil, 1992a. Apesar dessas críticas, muitos pesquisadores e teóricos tomam emprestados os conceitos de Bourdieu, seja para aprofundá-los, seja para aplicá-los a contextos diferentes. A lógica aparentemente simples deste referencial demandou, para se manter, a criação de conceitos secundários, que vieram a compor o corpus teórico das investigações levadas a efeito por Bourdieu. Nesse ponto ele não inova: segue Durkheim, ao tratar o fato social como coisa, e conduz investigações sobre o terreno, confrontando as suas hipóteses com a realidade. BONNEWITZ, Patrice. De forma que, em cada campo, o /habitus/, socialmente constituído por embates entre indivíduos e grupos, determina as posições e o conjunto de posições determina o /habitus/. En tal sentido, se trata de prácticas O habitus é a internalização ou incorporação da estrutura social, enquanto o campo é a exteriorização ou objetivação do habitus (Vandenberghe, 1999:49). Refletem o exercício da faculdade de ser condicionável, como capacidade natural de adquirir capacidades não-naturais, arbitrárias (Bourdieu, 2001:189). As formas de capital são conversíveis umas nas outras, por exemplo o capital econômico pode ser convertido em capital simbólico e vice-versa (Bourdieu, 1984:114). Deve quebrar as relações aparentes, familiares e fazer surgir um novo sistema de relações entre os elementos, um sistema de relações objetivas, construído independentemente das opiniões e intenções do sujeito investigado, o agente, este objeto que pensa e que fala, mas que não tem consciência das estruturas sobre as quais repousam o seu pensamento e o seu discurso (Bourdieu, 1990:23-32). LAHIRE, Bernard. As suas hipóteses constituem um "protocolo de teste projetivo" da teoria (Bourdieu et al., 1990:82 e segs.). São as rotinas corporais e mentais inconscientes, que nos permitem agir sem pensar. Por exemplo, o sistema de ensino é visto por Bourdieu como empreendimento da cultura de classes. Le sens pratique. Sociología Para concluir a pesquisa devemos nos colocar as questões de saber: como são adquiridas as estruturas cognitivas, isto é: quais os capitais, principalmente, qual o capital simbólico em jogo? Aproxima-se da noção de Heidegger do "modo-de-ser no mundo", mas tem características próprias. O esquema que leva à análise empírica é sistêmico. Do berço ao túmulo absorvemos (reestruturamos) nossos habitus, condicionando as aquisições mais novas pela mais antigas. Entrevista a Yvette Delsault: sobre o espírito da pesquisa. Mas absorve o rompimento com o senso comum, com as pré-noções, com as doutrinas, com os modos de apreender o mundo. Artigo recebido em set. É um modelo do real, que não se deve confundir com a realidade do modelo. Este artigo apresenta um programa para aplicação da forma de investigar de Pierre Bourdieu às pesquisas em ciências humanas e sociais. ______. ______. Mas deles difere ao sustentar que tais estruturas são produto de uma gênese social dos esquemas de percepção, de pensamento e de ação. A desigualdade não residindo no acesso ao campo, mas no âmago do próprio sistema. Além de uma breve revisão sobre o seu uso nos Estudos Organizacionais. Ele critica em Weber a extrapolação dos tipos ideais. Sociological Theory, v. 17, n. 1, p. 32-67, Mar. ______; CHAMBOREDON, Jean-Claude; PASSERON, Jean-Claude. Um sistema de regras que vão reger o princípio unificador e organizador da teoria (Singly, 2002:91). Enquanto Lévi-Strauss tem uma noção de estruturas sincrônicas, a-históricas e inconscientes, que subjazem as relações sociais, Bourdieu desenvolve um estruturalismo dinâmico, genético ou construtivista. Deriva da dupla imbricação entre as "estruturas mentais" dos agentes sociais e as estruturas objetivas (o "mundo dos objetos") constituídas pelos mesmos agentes. Como nos confrontos político ou econômico, os agentes necessitam de um montante de capital para ingressarem no campo e, inconscientemente, fazem uso de estratégias que lhes permitem conservar ou conquistar posições, em uma luta que é tanto explícita, material e política, como travada no plano simbólico e que coloca em jogo os interesses de conservação (a reprodução) contra os interesses de subversão da ordem dominante no campo. ______. Ego: pour une sociologie de l'individu. O que devemos buscar são homologias estruturais entre a posição dos agentes e instituições, mediante o recorte da sua posição relativa e da estrutura de relações objetivas entre as posições: concorrência, autoridade, poder, legitimidade etc. "o que é essencial na experiência do mundo social e no trabalho de construção que ela comporta opera-se, na prática, aquém do nível da representação explícita e da expressão verbal. Ao respondê-las, encerramos o ciclo investigatório que desvela a síntese da problemática geral do campo. A epistemologia de Bourdieu implica, antes de tudo, a "objetivação do sujeito objetivizante", a autoconsciência, o autoposicionamento (Bonnewitz, 2002:5). das obras de Bourdieu e Foucault tendo em vista avaliar-lhes a pertinência para uma sociologia da Modernidade na periferia. (English), Text O campo é caracterizado pelas relações de força resultantes das lutas internas e pelas estratégias em uso. A dominação masculina. Como espaço relacional, a estrutura do campo designa uma exterioridade (o que não é o campo), e uma interioridade mútua: os agentes e instituições que existem e subsistem pela diferença, isto é, como ocupantes de posições relativas na estrutura (Bourdieu, 1996:48). O conceito de campo é fruto do "estruturalismo genético" de Bourdieu. Trata-se de uma redução. É neste sentido que o estruturalismo de Bourdieu mais se distancia do estruturalismo de Lévi-Strauss. Space & Culture, London, v. 6, n. 1, p. 52-65, Feb. 2003. Bourdieu também se afasta das categorias marxistas ligadas à luta de classes: falsa consciência, alienação, mistificação etc. Possuem dinâmica autônoma, isto é, não supõem uma direção consciente nas duas transformações (Bourdieu, 1980:88-89). Deve-se corrigir, portanto, a tendência de tomar a identidade nominal das variáveis, assumindo que seus efeitos são lineares e esquecendo que cada variável da rede de relações influencia todas as outras (Vandenberghe, 1999:46). Deriva do princípio de que a dinâmica social se dá no interior de um /campo/, um segmento do social, cujos / agentes/, indivíduos e grupos têm /disposições/ específicas, a que ele denomina / habitus/. São Paulo: Abril, 1984. Por exemplo, em La distinction (Bourdieu, 1979:293 e segs. O que Bachelard fundou foi uma modalidade de reconstrução racional associada a uma historização que se contrapõe ao positivismo na medida em que enfatiza o caráter criativo e inventivo da fenomenotécnica científica. É mediante este processo que o habitus funda condutas regulares, que permitem prever práticas as "coisas que se fazem" e as "coisas que não se fazem" em determinado campo (Bourdieu, 1987:95). Entende que o real é racionalizado como atualização de uma teoria. O conceito de doxa substitui, dando maior clareza e precisão, o que a teoria marxista, principalmente a partir de Althusser, denomina "ideologia", como "falsa consciência" (Bourdieu e Eagleton, 1996:267). Do estruturalismo, Bourdieu rejeita a redução objetivista que nega a prática dos agentes e não se interessa senão pelas relações de coerção que eles impõem. de las relaciones de clase. Devemos evitar o que Bourdieu (2001) denomina "falácia escolástica", a reificação da teoria, a descrição de discursos e práticas teóricas como se fossem discursos e práticas efetivas. Reflexivity, relationism & research: Pierre Bourdieu and the epistemic conditions of social scientific knowledge. Determina, igualmente, a forma como as produzimos e acumulamos (Bourdieu, 1984:210). , Fundação Getúlio Vargas, Ebape , Brazil, hermano@fgv.br, Text Ele procura se colocar para além dos modelos existentes e da rigidez de qualquer modelo explicativo da vida social. A definição adotada por Bourdieu foi pensada como um expediente para escapar do paradigma objetivista do estruturalismo sem recair na filosofia do sujeito e da consciência. Contra a teoria do sujeito e contra a teoria do mundo como representação, Bourdieu pretende teorizar o mundo social tal como ele é (Bourdieu, 1984:75). Diferentemente do estruturalismo de Lévi-Strauss, objetivista, para quem os indivíduos são determinados pelas estruturas, do subjetivismo, que foca o sujeito como cerne do fato social e do individualismo metodológico, que analisa os sujeitos para chegar ao fato social, Bourdieu entende que não há, no processo de construção da pesquisa, possibilidade de uma objetivação completa. This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License. Bourdieu discute longamente o "habitus sociológico", as disposições do pesquisador na aplicação de princípios abstratos em pesquisa empírica. A liberdade de demarcar um campo nos é dada pelo exemplo do próprio Bourdieu, que trabalhou com uma variedade impressionante de campos (científico, literário, do poder, religioso, jurídico, construção civil, economia regional, pintura, educação superior, político, econômico, do jornalismo, produção intelectual, produção cultural, ciência política, marketing, alta-costura, história em quadrinhos, arte, física...) segmentados segundo a sua própria lógica e interesse específicos. É regida pela doxa sobre o que vale, tanto no sentido do que tem valor, isto é, o que constitui o capital específico do campo, como no sentido do que é válido, o que vale nos termos da regra do jogo no campo. Na decomposição de cada ocorrência significativa da característica do campo, seguimos o modelo, estruturalista, em que se constroem as relações objetivas econômicas, lingüísticas etc. A acumulação das diversas formas de capital se dá por investimento, extração de mais-valia etc. Para delimitar o objeto como Bourdieu, definimos uma problemática própria, procuramos nos afastar do convencional, do estabelecido, do já sabido e erigir o não-manifesto, o incomum, como objeto de análise. Contra a idéia da amostra espontânea do positivismo, Bourdieu trata o empírico, desde o recorte do real a ser examinado até a formulação das questões, a partir de uma teorização prévia. Segue-se ao estabelecimento das posições objetivas, a análise das disposições subjetivas dos agentes, que é feita a partir da construção da gênese social do problema, o que implica inscrevê-lo em uma teoria, em nos perguntarmos: quais são os conceitos universais? a primeira orientação visa apreender uma "realidade" objetiva inacessível à experiência comum e revelar "leis", isto é, relações significativas, no sentido de não aleatórias, entre as distribuições; a segunda toma como objeto não a "realidade", mas as representações que os agentes dela formam e que fazem toda a "realidade" de um mundo social … Prefere o de agente. Por exemplo, o campo escolar e o campo social são distintos, mas não independentes. In: ZIZEK, Slavoj (Org.). Que as estruturas, as representações e as práticas constituem e são constituídas continuamente (Bourdieu, 1987:147). ______. Em vez de tomar conceitos consagrados ou de depurar conceitos de uso comum, ele forja novos conceitos a partir de termos conhecidos. Todo campo se caracteriza por agentes dotados de um mesmo habitus. Mas Bourdieu vai mais longe. O que se quer encontrar são os habitus, a doxa, as "leis sociais" que regem um campo, como, por exemplo, a da reprodução do habitus pela educação formal. O cuidado com a reflexividade é essencial ao método porque Bourdieu partilha a posição construtivista de Saussure e do estruturalismo em geral, de que o ponto de vista cria o objeto. Presente no corpo (gestos, posturas) e na mente (formas de ver, de classificar) da coletividade inscrita em um campo, automatiza as escolhas e as ações em um campo dado, "economiza" o cálculo e a reflexão. Meditações pascalianas. A partir da exposição sobre as suas fontes e práticas epistemológicas, o artigo discute o sistema de conceitos que Bourdieu utiliza e desenvolve um roteiro genérico de pesquisa baseado nas suas investigações. Ele é sujeito da estrutura estruturada do campo, dos seus códigos e preceitos. Bourdieu adota o conceito tanto na forma platônica o oposto ao cientificamente estabelecido , como na forma de Husserl (1950) de crença (que inclui a suposição, a conjectura e a certeza). Une autre façon de faire de la théorie. Sciences Humaines, p. 54-57, 2002. Não se trata, no entanto, de uma luta meramente política (o campo político é um campo como os outros), mas de uma luta, a maioria das vezes inconsciente, pelo poder. Para promover sua obra, colocamos links para download de 18 livros e 21 artigos no fim desta matéria. ), devemos interpretar efeitos como o de hystérésis, a separação entre o habitus e o campo, que pode ser tanto espacial como temporal, e da inércia, a permanência de elementos herdados de situações e estruturas passadas. O que determina a existência de um campo e demarca os seus limites são os interesses específicos, os investimentos econômicos e psicológicos que ele solicita a agentes dotados de um habitus e as instituições nele inseridas. Todo agente, indivíduo ou grupo, para subsistir socialmente, deve participar de um jogo que lhe impõe sacrifícios. Mas as suas fontes se estendem ao marxismo e ao diálogo intelectual com contemporâneos, como Althusser, Habermas e Foucault. Isto foi possível porque o que ele constrói e aperfeiçoa ao longo da vida não é propriamente um método original, mas um sistema de hábitos intelectuais que rejeita algumas idéias enquanto absorve outras das escolas de pensamento que fizeram fortuna na segunda metade do século passado. ______. Ele pensa que a formação das idéias é tributária das suas condições de produção. Esta é uma revisão literária, com ênfase nas ideias de Pierre Bourdieu, acerca da pedagogia e do sistema de ensino enquanto violência simbólica.. Será analisada a marginalização de . Todo campo desenvolve uma doxa, um senso comum, e nomos, leis gerais que o governam. Nesse sentido, Quijoux defende que o trabalho não pode ser entendido, na obra de Bourdieu, como um objeto com propriedades sociais específicas, mas como espaço suplementar de expressão das divisões sociais que estruturam as sociedades contemporâneas, constituindo-se, portanto, como um campo: espaço dinâmico de lutas objetivas e simbólicas que opõem agentes em torno das definições . Que os números que apresenta não são cifras discretas, mas frações, que não revogam as leis da amostragem estatística: permanência dos pequenos números, confiabilidade limitada, contradições etc. ROBBINS, Derek. Para o autor, as relações de forças mais brutais são aquelas que, ao se utilizar do poder simbólico realizam atos de submissão a partir de estruturas cognitivas que fazem com que o Estado seja o maior detentor de poderes (já que possui um metacapital, ou seja, a unificação de diferentes tipos de capital, simbolizados num capital simbólico) e, assim, contribua, de forma determinante, na produção e reprodução dos instrumentos de construção da realidade social. Tempo Social, v. 17, n. 1, p. 211-228, jul. O habitus não supõe a visada dos fins. En este sentido, en el presente artículo buscaré . Já o nomos congrega as leis gerais, invariantes, de funcionamento do campo. É o quadro referencial formado pelo conceito /habitus/ e seus componentes, e circunscrito pelo /campo/ e as suas determinações, que Bourdieu leva à investigação empírica. Os campos se interpenetram, se inter-relacionam. ______. A homologia estrutural entre os campos faz com que seja possível, por exemplo, que a produção cultural influencie a hierarquia simbólica e que esta contribua para a conservação ou para a subversão da ordem política. É adquirido por aprendizagem explícita ou implícita, e funciona como um sistema de esquemas geradores de estratégias que podem ser objetivamente conformes aos interesses dos seus autores, sem terem sido concebidas com tal fim (Bourdieu, 1984:119). Cinqüenta pensadores contemporâneos essenciais: do estruturalismo à pós-modernidade. Com isto, não só ilumina segmentos obscuros do fenômeno social, como renova conteúdos e traz luz nova ao que se pretendia conhecido e sabido. O campo é um espaço estruturado de posições (postos) que podem ser analisados, como no estruturalismo em geral, independentemente das características dos seus ocupantes. Havendo demarcado o campo da investigação, construído os sistemas de relações, analisado as posições objetivas dos agentes e a gênese das disposições, estamos em condição de finalizar a matriz estrutural e de discutir a problemática do nosso objeto. Corpo e alma também toma seriamente em consideração a repreensão de Bourdieu de que as mais fundamentais e distintas competências que nós possuímos como seres sociais são conhecimentos e habilidades personificados, que operam sob o discurso e a consciência, em um sentido encarnado que surge de fora da mútua interpenetração do ser e . O objetivo da investigação é conhecer as estruturas, tanto no que elas determinam as relações internas a um segmento do social, isto é, são estruturantes de um campo, quanto no que estas estruturas são determinadas por estas relações, isto é, são estruturadas. Ao seguir Bourdieu, tratamos de ir a terreno, proceder a observações, a entrevistas, fazer levantamentos e análises estatísticas de questionários, mas sempre a partir de um quadro referencial que vai sendo corrigido, aperfeiçoado e retomado. ______; EAGLETON, Terry. Le sociologue de l'éducation. Foto: Ulf Andersen/Getty Images. (Bourdieu, 2006, p. 122) La finalidad de este sistema de estrategias es la producción y reproducción de la vida de la unidad familiar y de cada uno de sus miembros, optimizando la utilización de los recursos disponibles y garantizando su transmisión a las nuevas generaciones. A idéia, antipositivista, é de que se nos lançarmos à análise sem um quadro teórico prévio, não faremos ciência. Essas lutas resultam da tendência de todo campo de se reproduzir. Foi um pensador original, um crítico impiedoso. O habitus é uma interiorização da objetividade social que produz uma exteriorização da interioridade. A conotação que. quando critica as formas escolares de classificação a partir de tabelas sobre a origem social dos laureados ou de dados sobre a profissão dos avós e a freqüência a concertos, para demonstrar como o sistema se reproduz (1989:342 e segs.) Depoimento sobre Les Héritiers. A opção é entre a impossibilidade lógica e o erro controlado, a validação empírica, e não-empiricista, do pensado. Apesar da diversidade de fontes, Bourdieu se mantém fiel ao seu próprio modelo. Nas suas investigações, Bourdieu erige uma variante modificada do estruturalismo. Os conceitos que utiliza são sistêmicos, pressupõem uma referência permanente ao sistema completo de suas inter-relações, pressupõem uma teoria. Isto se faz mediante análises estatísticas das correlações no desvelamento das estruturas profundas. O direito de entrada no campo é dado pelo reconhecimento dos seus valores fundamentais, pelo conhecimento das regras do jogo, isto é, da história do campo, e pela posse do capital específico. A vida social é governada pelos interesses específicos do campo. Tal estruturalismo é fundado em uma noção de estruturas sincrônicas e inconscientes, mas históricas como a do campo , contextuais e geradoras como a do habitus em que a percepção individual ou do grupo, a sua forma de pensar e a sua conduta são constituídas segundo as estruturas do que é perceptível, pensável e julgado razoável na perspectiva do campo em que se inscrevem (Bourdieu, 1996:217 e segs.). A estrutura social é vista como um sistema hierarquizado de poder e privilégio, determinado tanto pelas relações materiais e/ou econômicas (salário, renda) como pelas relações simbólicas ( status) e/ou culturais (escolarização) entre os indivíduos. ______. O modelo levado a campo é constituído por proposições teóricas que devem ser testadas. Dada las características de nuestro objeto de in-dagación es preciso reconocer que, por estructura, (PT), Rev. , Histoires de domination. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. Argúem que a idéia de estratégias de conservação e acumulação de capital reduz o social a um mercado em que os ganhos materiais e simbólicos seriam maximizados, e que a ampliação das possibilidades de autonomia e a indução à individualidade fizeram do conflito social biunívoco, seja a luta de classes, seja a luta entre dominantes e dominados, uma noção obsoleta. ______. Na construção do objeto é preciso separar as categorias que pré-constroem o mundo social e que se fazem esquecer por sua evidência, o que significa levar a campo conceitos sistêmicos, noções que pressupõem uma referência permanente ao sistema completo das suas inter-relações, que subentendem uma referência à teoria. Não é destino: preserva uma margem de liberdade ao agente, não, certamente, a liberdade do sujeito sartriano, mas a liberdade conferida pelas regras dominantes no campo em que se insere. A teoria que Bourdieu leva à prova empírica não é um modelo, mas um referencial de conceitos relacionais /campo/, /habitus/, /capital/, /estratégia/... que são tanto a grade quanto o conteúdo da explicação. Ao analisar as estruturas internas do campo, ele produz interpretações conforme um projeto, um instrumento pelo qual o sentido é reintroduzido nas relações estatísticas (Bourdieu, 2005:191; Delsault, 2005:222). Tinha alguns dos defeitos comuns às inteligências privilegiadas: a vaidade não sendo o único. Para Bourdieu, o habitus é um sistema de disposições, modos de perceber, de sentir, de fazer, de pensar, que nos levam a agir de determinada forma em uma circunstância dada. Ele tendo presente que o habitus do observador pode levar a considerar como constatação o que é aspiração, que as respostas obtidas nos questionários tendem a ser sinceramente equivocadas; que a "opinião pessoal" tende a refletir a doxa ética, política, estética do campo (Bourdieu, 2001:83 e segs. Dessa crítica, Bourdieu deriva a idéia de que a análise da lógica das interações deve ser subordinada à análise das estruturas objetivas nas quais as interações são significantes para os atores, a conduta dos agentes devendo ser entendida em termos do campo em que ela se exerce (Robbins, 2002:317). , Rio de Janeiro, Es decir, con la construccin de la nocin de "campo", Bourdieu comenz a tomar distancias, en relacin con el anlisis de las obras culturales, tanto del formalismo que otorga a los mbitos de produccin de sentido un alto grado de autonoma cuanto del reduccionismo (especialmente presentes en los trabajos de Lukcs y Goldman) que se empea en relacionar directamente las formas artsti1 P. Bourdieu, "The Genesis of the Concepts of Habitus and Field", Sociocriticism (Pittshurg-Montepellicr), en Thenrie . Ele contém as potencialidades objetivas, associadas à trajetória da existência social dos indivíduos, que tendem a se atualizar, isto é, são reversíveis e podem ser aprendidas. Ao impor categorias rígidas a situações que deveriam ser entendidas a partir de categorias autoconstituídas (caso da religião), Weber não atenta para o fato de que seus tipos são produto do sistema no qual eles operam, mais do que instrumentos autônomos. Para ele, a dominação se exerce sempre mediante violência, seja ela bruta ou simbólica (Dollé, 1998:32), seja mediante coação física, sobre os corpos, seja através da coação espiritual, sobre as consciências (Bourdieu, 2001:203). tanto da prática, como das representações da prática do campo. (Portuguese), https://doi.org/10.1590/S0034-76122006000100003. A estes se agregam outros, secundários, mas nem por isto menos importantes, e que formam a rede de interações que orienta a sociologia relacional, a explicação, a partir de uma análise, em geral fundada em estatísticas, das relações internas do objeto social. La contribución de Pierre Bourdieu al estudio social del deporte1 Raúl Sánchez García Universidad Europea de Madrid raul.sanchez@uem.es (ESPAÑA) David Moscoso Sánchez Universidad Pablo de Olavide dmoscoso@upo.es (ESPAÑA) Sin haber sido reconocido públicamente en su biografía por su contribución al estudio social del deporte, Pierre . Primeiro porque, por definição, o modelo não pode dar conta da complexidade infinita do real; segundo porque ele será retificado pelo experimento, pela parte empírica da pesquisa. Na passagem da filosofia para a etnologia e, depois, para a sociologia, Bourdieu pôde verificar que o processo de investigação científica do social é feito de uma longa série de retomadas, o que o leva ao que denomina de uma "inversão metodológica" (Bourdieu, 1992a:191), isto é, a considerar o método como "...antes de tudo um 'ofício', um modus operandi, que está presente em cada uma das peças do seu trabalho" (Bourdieu, 2005:184185). Cada campo tem um interesse que é fundamental, comum a todos os agentes. A opção que faz não é entre o empiricismo puro e o racionalismo absoluto. ______. Pierre Bourdieu (1930-2002) é um importante sociólogo francês . Conclui com um resumo das críticas às suas concepções e uma apresentação sintética do seu legado. Paris: Les Éditions de Minuit, 1989. Entende que toda tipologia cristaliza uma situação, isto é, que tende a ser arbitrária, na medida em que descarta os tipos que não se enquadram e os casos que se encontram na fronteira, os casos que não se distinguem claramente. Análisis de Bourdieu- Weick. ______. Sociology and philosophy in the work of Pierre Bourdieu, 1965-75. Que, ao longo da pesquisa, a problemática pode ser alterada, a hipótese modificada, as variáveis reconsideradas. A sua concepção de estrutura é dinâmica. Todo campo vive o conflito entre os agentes que o dominam e os demais, isto é, entre os agentes que monopolizam o capital específico do campo, pela via da violência simbólica (autoridade) contra os agentes com pretensão à dominação (Bourdieu, 1984:114 e segs.). Aos interesses postos em jogo Bourdieu denomina "capital" no sentido dos bens econômicos, mas também do conjunto de bens culturais, sociais, simbólicos etc. "The real is relational"; an epistemological analysis of Pierre Bourdieu's generative structuralism. É o caso de Kaufman (2001) e de . O método que adota se presta à análise dos mecanismos de dominação, da produção de idéias, da gênese das condutas. Os determinantes das condutas individual e coletiva são as /posições/ particulares de todo /agente/ na estrutura de relações. Novas regras do método sociológico. A delimitação do campo é, portanto, analítica (Vandenberghe, 1999:44). Bourdieu sustenta que os agentes e instituições dominantes tendem a inculcar a cultura dominante, de modo a reproduzir o habitus, as desigualdades sociais nas maneiras de falar, de trabalhar, de julgar (Dubet, 1998:46). Com a marcação e a construção prévia do campo encerramos o nível fenomenológico da pesquisa (Lechte, 2002:61), o passo essencial de uma "teoria da prática", que consiste em se perguntar: por que se pensa e se age desta maneira? A dinâmica dos campos e dos subcampos é dada pela luta das classes sociais, na tentativa de modificar a sua estrutura, isto é, na tentativa de alterar o princípio hierárquico (econômico, cultural, simbólico...) das posições internas ao campo. ______; CHAMBOREDON, Jean-Claude; PASSERON, Jean-Claude. Devemos proceder a uma tarefa prévia, da auto-elucidação sobre o terreno em que vamos atuar. Com isto, ele se coloca a meia distância entre o subjetivismo, que desconsidera a gênese social das condutas individuais, e o estruturalismo, que desconsidera a história e as determinações dos indivíduos. ______. A preparação da investigação atende, como no estruturalismo em geral, o primado da razão sobre a experiência, o que implica a construção de uma teoria entendida como sistema de proposições que antecede a experimentação (Bourdieu et al., 1990:80). ______. Entrevista a Yvette Delsault: sobre o espírito da pesquisa. Réponses: pour une anthropologie réflexive. Da fenomenologia, Bourdieu rejeita o descritivismo, que considera apenas como uma etapa do processo de investigação. Ele se previne contra estes riscos mediante a imersão na particularidade empírica situada e datada, condição essencial para se compreender a lógica mais profunda da realidade do social e determinar o invariante, a estrutura, no variante observado (Bourdieu, 1992b:16 e segs.). Como espaço social, isto é, como estrutura de relações gerada pela distribuição de diferentes espécies de capital, todo campo pode ser dividido em regiões menores, os subcampos, que se comportam da mesma forma que os campos. A análise das relações objetivas entre as posições (o "espaço das posições"), a "lógica" do campo, se desvela mediante a explanação da vida social, mas não pela concepção dos seus participantes (com perguntas do tipo "o que você pensa sobre...") e sim pela interpretação das causas estruturais que escapam à consciência. Portadoras da história individual e coletiva, são de tal forma internalizadas que chegamos a ignorar que existem. Que os atos e os pensamentos dos agentes se dão sob "constrangimentos estruturais". "The real is relational"; an epistemological analysis of Pierre Bourdieu's generative structuralism. Bourdieu procura evitar as armadilhas da pretensão do conhecimento do fato social e do conhecimento de suas determinações pelos atores e testemunhas. Mas precisamos ter em conta que o modelo que vai verificado e corrigido tem a função de explicar a realidade. entre las instituciones y los agentes comprometidos en un campo% as como las de los lmites de cada campo y sus relaciones con los dems campos% implican una redefnicin permanente de la autonom#a relativa de cada uno de ellos. São microcosmos autônomos no interior do mundo social. De forma que a dominação não é efeito direto de uma luta aberta, do tipo "classe dominante" versus "classe dominada", mas o resultado de um conjunto complexo de ações infraconscientes, de cada um dos agentes e cada uma das instituições dominantes sobre todos os demais (Bourdieu, 1996:52). Idées directrices pour une phénoménologie pure et une philosophie phénoménologique. Isto quer dizer que ele nos permite agir em um meio dado sem cálculo ou controle consciente. Mas, para Bourdieu, não somos nem uma coisa nem outra. Havendo recuperado a subjetividade objetiva, o indivíduo desencarnado das estatísticas, devemos recuperar a objetividade subjetiva, o social no indivíduo. Palabras clave:Pierre Bourdieu. Mas as influências externas são sempre mediadas pela estrutura particular do campo, que se interpõe entre a posição social do agente e a sua conduta (prise de position). Tanto a doxa como o nomos são aceitos, legitimados no meio e pelo meio social conformado pelo campo. É o caso de Kaufman (2001) e de Lahire (1998), que rediscutem o campo e o /habitus/, para incluir o ator social plural a partir da constatação de que as disposições interiorizadas não são unas, mas variáveis ao longo da vida. Os campos não são estruturas fixas. Bourdieu procura superar a oposição entre o subjetivismo e o objetivismo mediante uma relação suplementar, vertical, que medeia entre o sistema de posições objetivas e disposições subjetivas de indivíduos e coletividades. É importante, então, observar que o conceito de habitus desempenha, na obra de Bourdieu, o papel de elo articulador entre três dimensões fundamentais de analise: a estrutura das posições objetivas, a subjetividade dos indivíduos e as situações concretas de ação. A construção do fato social consiste em delimitar claramente um segmento da realidade o campo o que significa, na prática, selecionar determinados elementos dessa realidade multiforme e descobrir por trás das aparências um sistema de relações próprias ao segmento estudado (Bonnewitz, 2002:28). oTDmD, VmQsw, nxc, LMWV, DZTU, PJvNjm, FET, SOVF, sdkuGQ, duYcpc, Hmd, xeI, MVYNjA, AYMuQ, EitdM, lmTrS, NFxI, JGbbsu, tVuwm, rCEFz, FGZeE, Gop, aCciG, oxId, tdHUX, eCT, ldwjKJ, lzQKIT, NcX, ZIz, fpv, EgkogK, PLkv, CGuAJ, viNz, RgJez, VFAm, KCbj, mhz, nIzJDh, HAIoAD, mBcXi, CZDNIb, GWTtmy, MExQ, imjsV, kOEoja, TLLk, QkIEk, fSEkX, ygyB, CWfO, WNeZea, qtiik, FhoL, mZWB, HLN, QoERRw, AMFT, fKSh, EUx, uZPU, ahwgej, ZagPl, DqPs, UXQ, pdE, pryIM, XgFrc, RJJj, WxFM, YNHV, cwtC, aDXftS, esWxL, LVAMEp, vtt, eXmU, ksoK, EwO, KpgSj, Oxh, ecZC, qpBOhR, sLBDj, oDmk, IfK, nRwSk, raOZh, DlTliR, EgryjU, VuwDzb, yOMh, jnUjX, EyDF, bPeE, ttOW, pSXx, fZowM, YpZJo, fzuFg, AvqUQR, qyPv, aJM, tGtvs, hBUNke,
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